domingo, 13 de junho de 2010

Ataques

          - Paranormal?
      Perguntei sem demonstrar o meu intenso ceticismo e minha imensa vontade de rir.
  - Você pode não acreditar - disse Tabata. ("Não mesmo" chiei). - Mas é uma coisa que eu tenho desde criança.
 - Você é mutante? Tipo... os da Record?
  - NÃO! - disse ela, muito nervosa - Eu sabia que não devia abrir minha boca. Mas, veja. A Andressa tem uma razão para querer minha ajuda.
 - Hum... Ela quer que você entorte umas colheres para distrair o namorado maluco dela...
 Piada infame a minha.
 O pior era que eu me sentia tentado a acreditar nela.
Ainda esta noite havia visto Bruno levantar todas as carteiras deixa-las suspensas no ar sem se mover.
Decidi dar um crédito a ela. Agora ela estava com uma cara de quem se arrependera de contar algo.
 - Olhe, Tabata - toquei sua mão à mesa. - Eu acredito em você, tá. Eu só... Tem acontecido tanta coisa nesse dia que...
  - Eu entendo, Renan.
 Ficamos um momento assim, parados e calados.
Depois olhei a hora e lembrei de Andressa.
 - Nossa! Olhe a hora. Tenho que ir.
Peguei minha mochila que eu largara no chão e tive uma ideia.
 - Tabata - Peguei um papel e comecei a anotar meu endereço. - Vá aqui neste endereço amanhã bem cedo.
Entreguei o papelzinho para ela e ela, me assustando, agarrou minha mão e olhou a palma.
 - Hei - exclamei.
 Ela olhou minha palma atentamente e eu tava tentando ver o que ela estava vendo.
Ela percorreu minha palma com seu dedo e de repente parou o dedo no meio da minha mão.
Sua expressão foi de espanto e ela não se movia. Eu começava a ficar assustado. Ela arregalara os olhos e agora começava a abrir a boca. Puxei minha mão e deixei o papelzinho à ela.
 - Vá amanhã.
 Larguei para fora da loja de velas.




  A caminho de casa, podia jurar que estava sendo vigiado. A aula ainda não tinha acabado.
Eu olhava ao redor como se pressentisse que algo iria acontecer. De repente me ocorreu uma coisa. O que Tabata vira em minha mão? Queria não pensar nisso mas esse pensamento me vinha à cabeça a toda hora.
 Eu estava perturbado, visivelmente.
Ah! Droga. Qeu eu tava fazendo alí? Por que eu não estava em casa com Andressa?
Andressa. Meu Deus.... Andressa!
 Sai correndo sem saber ao menos o motivo. Não sabia o que eu iria encontrar mas sabia que não era bom.
De longe conseguia ver minha casa e conseguia ver...


De frente. Pareciam um maço de baralho caído aos lados. As grades do portão estavam tortas. De forma que se abria uma passagem no meio. Entrei dentro de casa e logo no quintal vi Rubens Caído no chão com um machucado na testa. Sangue caia em seu rosto. Passei por ele e entrei dentro da pensão. Caramba eu deixei o cara lá fora sangrando.
 - Andressa? - Sussurrei.
Não houve resposta.
Andei pela casa e não vi ou achei ninguém.
Subi as escadas - que não eram muito altas, na verdade.
Entrei em meu quarto e sussurrei por Andressa de novo. Nada, mais uma vez.
Estaria a pensão vazia?
Fui até o quarto de Rosa e nada também. Quando fechava a porta ouvi um barulho que me parecia ser o de um ranger de dentes.
Voltei ao quarto e dessa vez abri a porta de uma vez. Olhei ao redor, nada vi. virei-me de costas à janela que estava de cortinas fechadas e me agachei para olhar de baixo da cama. puxei o lençol e nada havia ali.
Quando levantei ou vi "TAP" e um "CREC" em seguida. Logo uma dor me consumiu e não via mais nada além da escuridão.


Eu sabia que eu estava sonhando.
Dessa vez eu estava em cima de um prédio.
Eu podia ver a cidade inteira.
Eu olhava para frente e via destruição, explosões, pessoas matando e morrendo.
Pessoas gritando.
Era triste.
Olhei para minhas mãos,
uma delas estava vazia.
Na direita, segurava uma espada.
Ela era toda dourada, brilhante e espelhada.
Gravadas as palavras "E aqueles que nele vivem estarão salvos" em seu corpo.
Eu estava sem camisa e usava uma calça jeans. Meus pés descalços.
Olhei para trás e de lá vinham milhares de pessoas com asas sobrevoando a cidade, carregando consigo armas de ouro.
Olhei à frente e de lá vinham animais de olhos vermelhos. Mas não eram animais normais. Eram deformados. Estranhos. Pareciam junções de animais. Eles eram negros e vinham em minha direção.
Fechei os olhos. Engoli em seco. E me deixei acordar.




Senti um choque elétrico percorrer todo meu corpo.
 - Renan? - Andressa me chacoalhava.
Abri os olhos e senti como se algo me puxasse o estômago para dentro. Vários pensamentos me passaram na hora e quando caí em mim os móveis estavam suspensos no ar. Eles caíram e eu levantei de um salto.
Andressa me olhava compreensiva. Rosa, por sua vez, me olhava assustada. Ela estava encostada no canto da parede.


 Andressa e eu fomos a meu quarto. Ela me sentou em minha cama e saiu. Voltei alguns segundos depois com um pano enrolado a vários cubos de gelo.
  - Me desculpa! Me desculpa!
 - Arg! - gemi. - Tudo bem. Mas o que aconteceu?
  - Ah, Renan. Alguma coisa entrou aqui. Era... grotesca. Parecia um cachorro. Tinha pelos e tudo mais. Mas era maior que um cachorro.
"Não sabemos como entrou. Só sabemos que entortou o portão todinho. Ele... Ele entrou e ficou farejando tudo. Rosa e eu nos escondemos no quarto dela com uma  panela na mão. Foi com isso que o acertamos, desculpe.
"Acho que ele foi embora pois agora pouco olhamos a casa e nenhum sinal dele.
"Se não fosse pelo Rubens, talvez não estaríamos...
 - Rubens! - Lembrei dele estirado la no quintal, com o ferimento na testa. - Ah, meu Deus!
Sai correndo mesmo com uma baita dor de cabeça. Cheguei no quintal e não vi nada a não ser uma pequena poça de sangue no chão.
Entrei em casa novamente, Andressa na minha cola.
 - Rubens! - gritei. - Rubens!
  - Não está aqui - Disse Rosa.
 - Ah, Meu Deus! - sibilei. Algo ruim me passava em mente.

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