domingo, 6 de junho de 2010

Tabata

  - Pode ser apenas... apenas... sei lá. Pode ser outra pessoa
Disse ela com uma expressão de desespero.
 - É ele, eu tenho certeza.
Então estávamos nós dois no banheiro sussurrando para não sermos ouvidos.
  - Heei! - disse Rosa após dar umas batidinhas na porta. - Não façam nada que eu não faria aí dentro ein.
Eu não gostei muito disso.
 - Por que estamos sussurrando e... por que você não conta à policia?
Ela cambaleou para lá e para cá sentada no vaso tampado.
  - Não posso. O Vitor... Eu não teria coragem de denunciá-lo e ferrar com a vida dele.
 - Há. Ele tentou ferrar com a sua - desejei nunca ter dito isso.
Ela levou na boa. Embora acho que seus pensamentos foram longe.
  - Além do mais - continuou ela. - Eu vi coisas lá... Ele pode estar envolvido com coisas... coisas... coisas que eu nem sei nomear.
 - Tipo um pacto com o capeta?
  - Cala a boca, eu tô falando sério.
Houve um barulho do lado de fora e nós dois olhamos para a porta.
Depois de um tempo, Andressa disse:
  - Eu só quero dizer que é melhor esperarmos um pouco.
 - Esperarmos o que, Andressa? Ele matar outra garota?
  - Não sabemos se foi ele.
Como ela podia defender aquele crápula ainda?
Não respondi nada. Apenas sai do banheiro, bravo.
De repente uma onde de calor tomou meu corpo e eu senti como se minha pele latejasse.
  - Mas me deixe ficar aqui por enquanto - disse Andressa segurando meu braço. - Tenho medo que ele me procure.
Demorei um pouco para recuperar meus sentidos, mas quando eles voltaram, disse:
 - Pensei que você acreditasse que ele não fosse o assassino.
  - Ele pode... pelo menos eu acredito, não ter matado aquela garota, mas ele tentou me matar. E isso não consigo me esquecer.
Compreendi o ponto de vista dela. Mas ainda não concordava.
 - Então - disse eu, - o que fazemos agora?
Andressa pensou um pouco e depois respondeu.
 - Vá para a escola hoje. Converse com Tabata, minha amiga. Diga a ela exatamente o que vou te dizer.




   Lá estava eu indo para a escola.
Deixei Andressa com Rosa na pensão. As duas conversaram bastante durante o dia.
Andressa parecia melhor do trauma. Mas agora ela queria que eu passasse uma mensagem para a amiga dela, Tabata. O problema é aonde eu vou encontrá-la.
Parecia uma eternidade desde que fui a escola a ultima vez - que foi ontem.
Entrei na sala e sentei em minha cadeira habitual.
Parecia tudo normal - mas aquele não estava sendo um dia normal.
Eu não havia percebido, mas Vitor e seus amigos não haviam chegado ainda.
Caramba. Agora eu pensava melhor. O que eu diria a eles? E às amigas de Andressa? Ah. Se bem que...
Não. Eles nunca falaram comigo. Por que falariam hoje?
Haviam poucas pessoas na sala, mas logo os grupos começavam a se formar. Então chegaram mais pessoas. O grupo dos funkeiros estava completo. O das patricinhas logo se completaria também. Até agora tudo bem.
 O professor chega e começa a sua aula de biologia.
Eu ja pegava meu caderno quando se ouve:
 - Com licença professor.
Olhei sobre minha carteira e vi quem chegara.
Bruno pedira licença e sentara-se em sua carteira habitual. Seguindo ele vinha André e atrás Vitor.
Vitor estava diferente. Noite passada, quando estava à minha porta, estava com a pele ressecada. Hoje não. Sua pele estava... brilhante! Como a de um ator de cinema. Sabe, sem espinhas, rugas, ou qualquer coisa que alguem normal tem. Ele brilhava - literalmente.
Sentaram-se em seus lugares e o professor começou a chamada. Essa era a chance de eu saber quem era Tabata.
Engraçado. Nunca vi Andressa com nenhuma Tabata.
Andressa raramente andava com garotas. Ela ficava com seu namorado. Quando andava com algumas meninas eram Juliane, uma garota magra, morena, cabelos pretos e olhos azuis. Bonita, mas não tanto quanto Andressa; e uma outra que eu não sei o nome. Tem cabelos loiros e olhos cor-de-mel.Seria essa a Tabata?
   - Sara.
  - Presente
   - Suzana.
  - Presente - respondeu a outra amiga de Andressa.
Quem é essa Tabata?
  - Tabata - disse o professor.
É agora. Mas não restavam muitas garotas. Apenas...
   - Presente - disse Tabata, a garota que todos os da sala zoavam. Aparelho nos dentes, óculos, magra que só! Seus cabelos ruivos, volumosos e enrolados davam um contraste estranho a seu rosto cheio de sardas.
 Essa garota é amiga de Andressa? Nunca vi as duas juntas.
Será que Andressa disse o nome errado por engano?
Bem. Só há um jeito de saber.


A terceira aula acabara e estava na hora de eu dar o recado à Tabata.
O sinal tocou e todos correram para o pátio.
Todos menos Tabata e eu. E depois notei que Bruno ainda estava lá, sentado, como se não tivesse ouvido o sinal tocar.
Me aproximei de Tabata do mesmo jeito.
Bruno acompanhava meus movimentos.
 - Oi, Tabata.
 Ela olhou acima, para mim e seu rosto ficou vermelho.
  - Oi... - disse ela com a voz meio tremula.
 - É... Tabata. Eu preciso te dizer uma coisa.
Seus olhos brilharam e seu rosto ficou ainda mais vermelho.
  - P-p-precisa? - ela deu um sorrisinho.
Olhei para trás, para Bruno, ele nos olhava. Cheguei mais perto dela e tentei falar o mais baixo possível. Tomei folego e disse:
 - Mamãe ursa precisa de ajuda.
Me senti um idiota ao dizer isso. Estava esperando uma risada ou um tapa na cara mas parece que Tabata compreendeu o recado. Me olhou com uma expressão séria e disse:
  - Tem a ver com... - gesticulou para Bruno.
Fiz esforço para não olhar para ele e assenti com a cabeça.
  - Me encontre na hora da saída, perto da loja de velas.
 - O.k.
Então ela foi para o pátio da escola também.
 Bruno continuava alí sentado.
Eu me dirigi ao pátio e ouvi sua voz me chamar.
  - Renan.
Olhei para ele e ele me olhava com os olhos duros e frios. Estavam negros como a noite. Não pareciam olhos humanos.
  - Andressa está em sua casa, não está?
 - Não, já disse que não.
  - Não minta para mim.
 - Eu não estou mentindo - tinha facilidade para mentir.
Neste momento, todas as carteiras se levantaram no ar. Flutuavam como e fossem seguradas por alguma corda ou linha. Voavam. Eu estava assustado.
  - MENTIRA! - gritou ele e todas as carteiras que estavam no ar caíram fazendo um grande barulho de estrondo.
 Eu estava assustado demais para fazer algum comentário sobre aquilo.
 - Eu... eu não sei como fez isso, mas não me importa também. Já disse que Andressa não está comigo.
Sai pela porta e ouvi ele dizer atrás de mim.
  - Aquela foi só a primeira, Renan. Traga ela e ninguém mais se machuca.




 Eu estava no pátio olhando a todos andarem.
Olhava as mesmas pessoas e os grupos de sempre até que a diretora abriu o portão e deixou uns rapazes que carregavam alimentos entrarem. Carregavam caixas e, acho que, para facilitá-los, a diretora deixou o portão aberto. Ela os seguiu e o portão continuou aberto.
Uma diretora muito responsável a nossa.
Tabata estava sentada ao lado do portão e quando viu este aberto, levantou-se, olhou para os lados e saiu.
Algum impulso ou sentido meu me dizia que o melhor era seguí-la. Se bem que nunca cabulei aula antes.
E agora?
Olhei para os lados mas aí me lembrei que ninguém sabia que eu existia.
A segui.
Quando cheguei lá fora não a vi, mas então ouvi:
 - Psssst, Renan.
Era um sussurro.
Olhei para o lado. Era Tabata.
Ela fez sinal para que eu a seguisse e eu fiz isso.
Ela foi exatamente para onde dissera que iria. A loja de velas, que por algum motivo estava aberta.
Entrei e ela estava sentada à uma mesa com alguns pratos amontoados, numa seção de velas coloridas.
  - Sente-se.
Isso me deu mais medo do que Bruno e suas cadeiras flutuantes.
 - Você sabe de alguma coisa? - perguntei. - Você e Andressa...
  - Somos primas. De segundo grau. Mas somos muito amigas.
 - São? Nunca vi vocês...
  - Não quero atrapalhar a popularidade dela. Nunca fui muito social.
Não mesmo. Me lembro que ano passado caçoavam dela por causa de seus cabelos que ficaram laranjas de alguma forma estranhamente desconhecida. Mas agora lembro-me de que Andressa que a defendeu. Fazia sentido agora.
 - O.k., Andressa precisa de sua ajuda Tabata. Ela disse qe você podia ajudar. O que pode fazer?
Tabata pensou como se arrumasse um jeito certo de dizer o que tinha na cabeça.
  - Digamos que... Sou... Paranormal.

Um comentário:

  1. AAAAAAAAAAEEEEEEEEEEE!!!!!
    Nosss,uma pele um dia ressecada,
    no outro,depois de uma morte,
    uma pele límpida..
    Isso me lembrou muito Garota Infernal..
    Mas isso é o de menos ..rsrs ;
    Muuuuuuuuuiito louca essa história hein?!
    Poxaa,surgiu agora,a Tabata,a mutante q fugiu da Record..
    AHUAHUAHUAHUAHUAHAUAHUAHAUA ;
    Continua!Continua!Continua!!!!!!!!

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